sábado, 19 de dezembro de 2009

Dezembros, cada vez mais confusos


A cada final de ano eu me pergunto: o que foi que aconteceu comigo?
Antes eu esperava ansiosamente a chegada dos feriados e festas. Enfeitava todos os cantos da casa. Comprava presentes para todas as pessoas queridas. Mandava cartões. Preparava cardápios e listas de compras. Adorava Natal, mesmo não sendo muito religiosa: acho que aquelas alegorias todas me faziam feliz, eu visitava as lojas e suspirava em frente as árvores altíssimas decoradas centímetro a centímetro, de cores e motivos variados. Sonhei em ter uma delas. Desisti anos depois, achando que eram falsas e caras demais.
A última tentativa de montar a nossa árvore artificial, não tão alta, foi no ano que o Willy veio para nossa casa. O siamês filhote ficou encantado com a árvore e tentava suas escaladas, derrubando tudo no chão. Tudo era brinquedo pra ele, os lacinhos, as bolinhas...Também aprendeu que o cachepô onde ela estava "plantada" era um local perfeito para dormir. Resultado: foi-se a árvore artificial e nos anos seguintes eu decorei o pinheiro natural que tinha no quintal, mas as coisas já estavam mudando.
Foi-se o quintal, mudamos para o apartamento e nesse mesmo ano já passei o Natal debilitada pela quimioterapia. Meu dezembro foi desanimado, não tive vontade de fazer quase nada.
Nos anos seguintes, outro endereço. Tivemos luzinhas e velas. Mas a sensação de que eu estava no mês errado continuou.
Estou sem entender o que foi que mudou no meu coração. É estranho sentir-se do lado de fora do sentimento coletivo. Algumas coisas não estão fazendo muito sentido.
Mas quando eu perceber, já será janeiro e nada como um ano novinho para encher de planos, de sonhos, e de esperança que o próximo dezembro seja diferente.

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